quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Festa Junina de Votorantim

Os relatos mais antigos indicam que o evento começou a ser realizado em forma de quermesse em meados dos anos 20, com o surgimento da Paróquia São João Batista. Primeiro havia a procissão comandada pelo Padre José Zanolla, que percorria os bairros da Chave e Barra Funda. Após a missa, circundando a pequena igreja, oito barraquinhas começavam a atender os visitantes com muitas guloseimas. A imagem de São João, o santo padroeiro, era colocada num enorme mastro ficando às margens do rio e no meio de uma grande estrela. Com a organização dos fiéis e a colaboração das esposas dos funcionários da fábrica de tecidos da Votorantim, foi realizada uma semana repleta de festividades, inclusive barracas de comes e bebes feitas de bambu e eucaliptos armadas em frente a própria fábrica, tablado para bailes e um pequeno parque de diversões. Pereira Ignácio deu toda cobertura para realização dessa festa, da qual participou também sua esposa Lucinda, como uma das pessoas que escolheram a rainha da festa. Mesmo sendo a primeira festa junina, já de inicio começavam a ser enviados correio-elegante aos casais apaixonados tendo como atrativo também o pau de sebo e leilões de prendas, tendo sua renda total reservada para a realização da festa do ano seguinte. Pausa na revolução Devido à Revolução, a festa deixou de ser realizada em 1924, mas foi retomada no ano seguinte, trazendo como novidade a imagem de São João no alto do eucalipto, ficando ao lado da farmácia dos Ferraresi, próximo da pequena estação rodoviária. Outra paralisação aconteceu em 1929, devido uma grande enchente, que deixou as partes mais baixas de Votorantim e Sorocaba submersas, segundo historiadores, por mais de quinze dias. Curiosamente, essa enchente aconteceu em janeiro. Mesmo assim, como se recorda, a festa não foi realizada naquele ano. Em 1930 e 31 o evento também não foi promovido por determinação do Padre José Zanolla, devido à profanação, em razão de estarem ocorrendo bebedeiras incontroláveis, e de apoio de Pereira Ignácio e comerciantes, o que, segundo o sacerdote, a tornava uma festa “patronal”. Em 1932, o motivo da não realização foi outra revolução. Mas de 1933 a 36, a festa constou apenas de procissão, parque de diversões e algumas barracas, que não puderam vender bebidas alcólicas. Já em 1937 chega o padre Conrado Scheviora a Votorantim, ficando alguns meses, assumindo posteriormente o frei Zeno, que apoiando Pereira Ignácio, até 1940, deu maior abertura à festa, permitindo mais barracas, utilizando a renda para a igreja na construção, em 1944, da Capela de Balter ou Balduino como também era conhecida. Em função da recessão, provocada pela Segunda Guerra Mundial, nos anos de 1943 a 45, as festas restringiram-se apenas a bailes no enorme tablado e ao funcionamento de quatro barracas. Em 1948, a festa também não foi realizada, devido a uma grande greve de operários e que atingiu diretamente a fábrica de tecidos.


Largo da Feira
Na década de 50 e até quase o final do anos 60, a festa chegou a ocupar o espaço conhecido como Largo da Feira, entre as ruas Sorocaba e Paulo Reginato, onde hoje se localiza a praça “Senador José Ermírio de Moraes”. Nesta época já contava com parque de diversões mais bem montados, vindos de São Paulo. Nesse período, também, as barracas já sorteavam prendas para os visitantes e havia escolha da barraca mais bonita, inclusive uma que era muito visitada e conhecida como “barraca das bonecas”, comandada pela igreja. Também havia pessoas que se arriscavam passar sobre a brasa em demonstração de fé. Na década de 70, já instalada em área em frente a Igreja Matriz- hoje Praça de Eventos Leci de Campos”- a festa que durante toda a sua trajetória houvera pertencido a igreja católica, foi assumida pela Prefeitura, através da Comissão Municipal de Assistência Social (COMAS), privilegiando entidades beneficentes que mantinham atendimento às famílias carentes. Ainda, neste período, as barracas eram montadas com eucaliptos e lonas, no amplo terreno de terra batida. A de maior espaço abrigava o restaurante que ficou famoso por estar sob a direção do Lions Clube. A barraca mais freqüentada-por sinal a única que chegou a ser de alvenaria- era dos Vicentinos, que vendia seus tradicionais espetinhos de carne e cuscus. Nos anos 80, ainda experimentando crescimento, decidiu-se montar um galpão para exposições comerciais e industriais, mas seu funcionamento restringiu-se apenas a dois ou três anos, logo sendo esvaziado.

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